domingo, 9 de maio de 2010

Resenha

EDUCAÇÃO E CIBERCULTURA

Pierre Lévy

De acordo com o texto, duas grandes reformas são imprescindíveis nos sistemas de educação e formação: a adequação dos depositivos e do espírito do ensino aberto e à distância(EAD) ao cotidiano e ao dia-a -dia da educação e o raconhecimento das experiências adquiridas nas atividade extra-classe(socias e proffissionais).
Se a escola e a universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e transmissão do conhecimento, os sistemas públicos de esducação podem tomar para si a nova missão de orientar os percursos individuais no saber e de colaborar para o reconhecimento dos conjuntos dos saberes pertencentes às pessoas, incluindo os saberes não-acadêmicos.
Na Web, tudo se encontra no mesmo plano. E no entanto, tudo é diferenciado. Não há hierarquia absoluta, mas cada site é um agente de seleção, de hierarquização parcial. Longe de ser uma massa amorfa, a Web articula uma multiplicidade aberte de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma, sem o ponto de vista de Deus, sem uma unificação subrejacente.
A World Wide Web é um fluxo. Suas inúmeras fontes, suas turbulências, sua irresistível ascensão oferecem uma surpreendente imagem da inundação de informação contemporânea: cada reserva de memória, cada grupo, cada indivíduo, cada objeto pode tornar-se emissor e contribuir para a enchente. Eis aí o segundo dilúvio, o das informações!
Até o século XVIII, o conjunto dos saberes podia ser manipulado por um pequeno grupos de homens. A partir do século XX,o projeto de domínio do saber por um indivíduo ou um por um pequeno grupo, tornou-se cada vez mais ilusório. Hoje, tornou-se evidente que o conhecimento passou definitivamente para o lado do intotalizável, do indominável.
A emergência do ciberespaço não significa que tudo pode ser acessado, mas antes que o Todoestá definitivamente fora de alcance. Todos precisamos construir um sentido, de criar zonas de familiaridade, de aprisionar o caos ambiente. Mas, por um lado, cada um deve reconstruir totalidades parciais a sua maneira, de acordo com seus próprios critérios de pertinência. Por outro lado, essas zonas de significação apropriadas deverão necessariamente ser móveis, mutáveis, em devir. A tal ponto que devemos substituir a imagem da grande arca pela de uma frota de pequenas arcas, secretadas por filtragem ativa, perpetuamente reconstruídas, pelos coletivos inteligentes que se cruzam, se interpelam, se chocam ou se misturam sobre as grandes águas do dilúvio informacional.
No ciberespaço, o saber não pode mais ser concebido como algo abstrato ou transcendente. Ele se torna ainda mais visível, por exprimir uma população. Assim, a vulgata midiática sobre apretensa"frieza" do ciberespaço, as redes digitais interativas são fontes potentes de personalização ou de encarnação do conhecimento.
Mesmo quando não é acompanhada de encontros, a interação no ciberespaço continua sendo uma forma de comunicação. Mas, ouvimos algumas vezes dizer, que algumas pessoas permanecem horas "diante de suas telas", isolando-se assim, uns dos outros.
As técnicas de simulação,não substituem os raciocínios humanos, mas prolongam e transformam a capacidade de imaginação e de pensamento.
A simulação tem hoje papel crescente nas atividades de pesquisa científica, de criação industrial, de gerenciamento, de aprendizagem, mas também nos jogos e diversões. Ela é um modo especial de conhecimento, próprio da cibercultura nascente.
A interconexão em tempo real de todos com todos é certamente a causa da desordem. Mas é também a condição de existência de soluções práticas para os problemas de orientação e de aprendizagem do universo do saber em fluxo. Essa interconexão favorece os processos de inteligência coletiva nas comunidades virtuais, e graças a isso o indivíduo se encontra menos desfavorecido frente ao caos informacional.
O ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, a saber, a valorização, a utilização otimizada e a criação de sinergia entre as competências, as imaginações e as energias intelectuais, qualquer que seja sua diversidade qualitativa e onde quer que esta se situe. Esse ideal da inteligência coletiva passa pela disponibilidade da memória, da imaginação e da experiência, por uma prática banalizada de troca de conhecimentos, por novas formas de organização e de coordenação flexíveis e em tempo real.
Se as novas técnicas de comunicação favorecem o funcionamento dos grupos humanos de inteligência coletiva, é importante salientar que não o determinam automaticamente.
O ciberespaço, interconexão dos computadores do planeta, tende a tornar-se a principal infra-estrutura de produção, transação e gerencimento econômicos. Será em breve, o principal equipamento coletivo internacional da memória, pensamento e comunucação.

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